O tópico da Crise...

Responder
VW Liebhaber
Pro
Pro
Mensagens: 3107
Registado: 16 abr 2005, 12:11
Veículos: Golf MK4 1.8 TURBO 20V - 1998
Localização: Cambridge

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por VW Liebhaber »

Arad Escreveu:Olha, o concessionário onde sempre que meto um carro nunca vem bom à primeira, até é um concessionário SIVA...

Distinções que não contam para nada, e nem se sabe em que dados são baseadas...

E sim, Liebhaber, o meu pai foi "convidado" aos 54 anos de idade. Mas o "encosto" já vinha de antes, começou a notar-se quando os miúdos iam fazer formações de novos modelos, e os mais antigos não...

Isto é esvaziar de formação actualizada um profissional, e retirar-lhe condições para produzir em pé de igualdade com os outros.
Os "convites" para formações são feitos pelo importador, não pelo concessionário, o importador é que "encosta" os mais avançados em idade.

Também vamos ser realistas, uma pessoa mais avançada em idade tem maiores dificuldades em funcionar com um software complexo, e agora os carros tem tanta electrónica complexa, que nem a geração moderna consegue perceber o funcionamento. Talvez seja essa a razão, não sei...

E atenção, as formações acarretam custos ao concessionário, não podem ir todos, nem vão muitas das vezes todos. Custos que são de combustível, para os que se deslocam do Norte para Azambuja, vão num carro ou 2 de serviço do concessionário, mas é o concessionário que atesta os depósitos pra fazer 600km por exemplo.

Mais o custo de pequeno almoço na estação de serviço da AE pra todos que vão pra baixo. Isto quando a formação é só 1 dia. Para cortar nessas despesas, já se sabe que a concessão aposta mais na ida dos jovens do que dos mais avançados em idade, pois são eles que tem um período de tempo mais longo à sua frente para trabalhar na casa. São politicas....
Arad
Pro
Pro
Mensagens: 2630
Registado: 27 ago 2005, 01:10
Veículos: I3 94ah REx | Typ 1/11
Localização: Algures pelo mundo

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por Arad »

Mas depois para limpar a merd@ que os outros fazem já os "velhos" são bons, não é?...

Essa dos computadores não cola a todos os casos... há uma data de anos que as requisições de material e outras operações eram feitas com o computador, e nunca houve dificuldades por aí... E se há marca que trabalha com software complexo, até é esta... e há muitos anos. E se no boom desse software o homem foi chamado às formações e sempre aprendeu e cumpriu...

No caso que me é muito próximo, o concessionário pertencia ao importador, e sim, foi mesmo um critério economicista selvagem.

Ok, dos mais antigos foi mesmo um dos últimos a saír, porque esse pessoal que referes que não quer aprender foi 2 anos antes...

O mundo é muito irónico, Liebhaber, para defenderes o teu interesse chegas a defender o capitalismo selvagem dos que se andam a encher à conta de salários miseráveis, de roubos ao cliente e do mau serviço prestado...

Mas pronto, quem está mal é quem ganha mais de 1500€ (nem de perto é o caso das oficinas ou da esmagadora maioria dos FP), devia ser tudo varrido a 500 euros, não é? E correr com os velhos todos com reformas de miséria, para entrarem os novos (a ganhar 500 eurinhos, devidamente explorados), os velhos que se aguentem a pão e água...

País pequenino de merd@ em que vivemos, é ao ver estas coisas sugeridas por quem devia revoltar-se e agarrar na ambição para lutar por mais, que penso que no dia em que caír no desemprego ainda vou mas é daqui para fora.
:arrow: 63' Typ 1/11 limousine de luxe
:arrow: Ex 10' G6 TDi Bluemotion 99g
:arrow: Ex 04' G4 TDi van Pacific
:arrow: Ex 98' G3 TDi van Joker
Arad
Pro
Pro
Mensagens: 2630
Registado: 27 ago 2005, 01:10
Veículos: I3 94ah REx | Typ 1/11
Localização: Algures pelo mundo

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por Arad »

E já que vamos em história de vida...

:arrow: 1997/99, aos 18 anos e já no 1º ano da universidade, trabalhei numa empresa de embalagens a ganhar 600$ por hora... (tirei a carta, e andei com um Dyane que me foi oferecido para não ir logo para o lixo)

:arrow: 2000, fui para a Telepizza em pós laboral ganhar 300€ a recibo verde, para pagar os estudos. Andava de Peugeot 309 (20 contos) e depois fiquei com um Opel Kadett que era do meu pai... (que o cedeu, porque era para trabalhar e a gasóleo era mais barato)

:arrow: 2001, comprei um Clio com 9 anos, com dinheiro que juntei, mudei para outra empresa de distribuição de comida a ganhar 300/400€, dependendo do volume de trabalho.

:arrow: 2003, concluí a licenciatura e mudei de emprego, para ganhar 500€ a recibo verde e deixar de rebentar os meus carros a trabalhar.

:arrow: 2004, acumulei a primeira colocação no ensino, a 40km de casa, (poucas horas) com o emprego anterior, mas em part time... (500+300€) e comecei a juntar.

:arrow: 2005, colocação num colégio privado com poucas horas (250€) acumulado com trabalho num call center (experiência horrível a ganhar 300€ em part time). Comprei a PP o Golf III e vendi o Clio...

:arrow: 2006, substituição do call center por empresa de distribuição de mobiliário, também em part time (450€ no lugar dos 300) acumulei ainda por 3 meses uma colocação no ensino com horário completo (900€) e guardei bastante dinheiro.

:arrow: 2006/7, vim para o Algarve com horário completo (900€) e vim viver sozinho. Aluguei casa, nunca pedi um centimo emprestado, não fazia estravagancias e não me sobrava muito dinheiro...

:arrow: 2007, juntei-me, na casa que a minha esposa já tinha comprado antes de me conhecer e está a pagar.

:arrow: 2007/8, colocação com horário incompleto (700€), mas ainda assim poupei alguma coisa porque estava a 17kms de casa.

:arrow: 2008/9, colocação a 70kms de casa, com 2 horários parciais em escolas diferentes (500€ cada), comprei o Golf IV (a PP) e iniciei o mestrado (a crédito). Tive de vender o Golf IV porque alteraram o imposto da conversão dos comerciais. Comprei a Mazda 6 sem investimento adicional.

:arrow: 2009/10, colocação com horário incompleto (750€), a 70 kms de casa, mais uns extras de explicações. Concretizei um negócio pendente há 3 anos que me permitiu livrar-me da problemática Mazda 6 e comprar um carro (a PP) que me permitisse fazer 140kms por dia sem preocupações (Golf VI). Senão teria comprado um Polo ou Ibiza comercial usado. Guardei algum dinheiro também para fazer face a uma situação imprevista.

:arrow: 2010/11, horário completo a 70kms de casa (950€) e a partir de Agosto não sei como é a minha vida...

Toda a vida fiz o que o estado pediu: estudei, trabalhei, descontei, poupei e pedem sacrifícios sempre aos mesmos!

Sumptuoso, não é, Liebhaber?
:arrow: 63' Typ 1/11 limousine de luxe
:arrow: Ex 10' G6 TDi Bluemotion 99g
:arrow: Ex 04' G4 TDi van Pacific
:arrow: Ex 98' G3 TDi van Joker
GIV
Amateur
Amateur
Mensagens: 344
Registado: 25 out 2006, 11:12

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por GIV »

Arad Escreveu:País pequenino de merd@ em que vivemos, é ao ver estas coisas sugeridas por quem devia revoltar-se e agarrar na ambição para lutar por mais, que penso que no dia em que caír no desemprego ainda vou mas é daqui para fora.
Já há muito que não vinha aqui (para participar, vou lendo umas coisas qd o tempo me permite), mas não posso deixar de fazer um pequeno comentário.
Arad, assino por baixo e acrescento: eu tenho a certeza que me vou embora. Digo isto com muita pena porque por um lado sinto que quantas mais pessoas abandonarem o país, principalmente as mais válidas (sim, considero-me bastante válido), pior isto vai ficar, mas por outro lado, tal como estás a dizer, é por ouvir certas coisas que penso que n há muito mais a fazer por este país (n será bem assim, mas confesso que cada vez mais este sentimento cresce em mim).

Aqui há uns tempos vi uma reportagem muito interessante intitulada "o país mais feliz da Europa". Chegou-se à conclusão que era a Noruega. Os repórteres foram lá fazer uma reportagem alargada para tentar perceber porquê.

Deixo só um exemplo:

Primeira entrevistada, uma senhora enfermeira que decidiu por vontade própria deixar de ser enfermeira e tentar abraçar uma nova carreira com crianças de necessidades especiais. O que é que ela faz: despede-se (n foi despedida) e inscreve-se no centro de emprego da sua área. Esta senhora tinha direito a receber durante 4 anos (quatro anos) 80 ou 90 %(um dos dois n me lembro mas é irrelevante para o caso) do seu último salário. Claro que o reporter lhe perguntou porque é que ela n aproveitava. Foi espantoso ver como essa pergunta ofendeu a senhora. Palavras dela: " eu não quero viver à conta do estado, eu teria vergonha de tal coisa...". Claro que esta senhora sabe que passado 1 ou 2 semanas tem um novo emprego naquilo que quer fazer, coisa que n acontece em Portugal mas aí entramos na situação de pescadinha de rabo na boca: será que em Portugal isto n acontece porque n há empregos, ou será que se toda a gente pensasse assim as coisas funcionavam melhor e toda a gente teria empregos?

Enfim, a conclusão que se tira (que eu tiro, pelo menos), e aqui voltamos ao porquê de cada vez mais achar que o país n tem solução, é que a questão nem é de mentalidades, é cultural.
Quantas pessoas vocês conhecem (ou já ouviram falar) que se gabam de viver do subsídio de desemprego? E nós que trabalhamos, pagamos cada vez mais para esses estarem encostados.
Na Noruega pagam 50% de impostos sobre o rendimento e ninguém se queixa. Porquê, porque quando precisam de alguma coisa do estado, têm. Nós pagamos muito e cada vez temos menos mas se tivessemos um Estado sério que n deixasse os mais ricos (não são os que ganham 1500€) fugir aos impostos, provavelmente não estariamos nesta situação.

O mal é cultural. Por muito que doa, o grande desígnio de 90% (ou 80, ou 70%, da maioria) dos Portugueses é fugir aos impostos e ser chico-esperto o resto (e os outros) que se lixem. Enquanto assim for, o país n tem esperança.

O Sócrates fez merd@? Fez. Mas se querem arranjar culpados para a situação que o país atravessa então podem olhar para praticamente (ou talvez todos) os governos desde o 25 de Abril, talvez a começar (mais acentuadamente) pelos governos do nosso actual presidente de republica que foram os que mais dinheiro tiveram e provavelmente os que pior o gastaram. Fizeram estradas que eram precisas, mas reformar o estado com os milhões que na altura vieram da antiga CEE, está quieto. Estradas são visiveis pelo Zé e dão votos. E depois são concessionadas pontes, vitaliciamente, por ministros que hoje em dia são presidentes das empresas às quais concessionaram essas mesmas pontes. E depois o Estado continua a viver como se fosse rico. Não há vergonha.

A minha situação pessoal. Aqui há uns anos escrevi no ínicio deste tópico acerca da polémica do comprar casa ou arrendar casa. Continuo a ser e sempre fui apologista do arrendamento (mesmo que este me custe mais do que uma prestação ao banco) e hoje vejo-me exactamente na situação que descrevi.

Tive sorte desde que acabei a licenciatura. Empreguei-me passado 3 meses de acabar e embora estivesse 3 anos a recibos verdes, não fiz parte da geração 500€. O trabalho era precário, por força dos recibos verdes, mas era bem pago. A minha profissão (n interessa explicar) é por si só sempre precária, dependente de orçamentos e só por volta de Setembro de cada ano é que sei se trabalho no ano seguinte (em Portugal, porque lá fora, à partida n terei problemas em arranjar emprego, mas será sempre em situações geográficas complicadas, o que significa que a família fica para trás)
Passado 3 anos fiquei efectivo, fui promovido e aumentado. Tenho sido aumentado todos os anos e já fui novamente promovido.
Se acho que ganho bem? Acho, tendo em conta o panorama nacional. Mas que ganho mal relativamente às pessoas de outras nacionalidades (a trabalhar em Portugal) que fazem o que eu faço (na mesma empresa q eu), relativamente à carga de trabalho que tenho, à responsabilidade que tenho e à quantidade de dinheiro que tenho que gerir todos os anos, ai isso não tenham dúvidas. De notar que não trabalho para uma empresa Portuguesa.

Tenho um filho com 2 anos, tive que ir viver para o Algarve com a família ( não foi por gostar de praia, foi mesmo porque teve que ser) e trabalho no Alentejo. Todos os dias cerca de 220 kms com a A6 (se soubesse que tinha que ir para o Algarve, obviamente que n tinha sido o carro da minha escolha). Neste momento vejo-me obrigado (a mulher deixou de receber e já não existe a obrigatoriedade de vivermos no Algarve) a mudar de novo para o Alentejo. O gasóleo está muito caro (já n faço viagens com a A6 há bastante tempo. Uso o Saxo comercial da mulher) e tenho que acrescentar a curto prazo as portagens na Via do Infante. Felizmente n tenho nenhum empréstimo às costas (dai ser apologista do arrendamento), basta-me mudar, para uma casa mais pequena e poupar nas viagens.

Este aparte para dizer que falta ( minha opinião) capacidade de adaptação à maioria dos portugueses. Mesmo gente nova continua a achar que o emprego tem que ser para toda a vida e que é comprar uma casa a 60 anos e fazer a sua vida no mesmo sítio até à idade da reforma. Nos últimos 6 anos, morei em 5 casas diferentes (vou agora para a sexta). É uma vida chata? É, mas para mim, casa é onde a família estiver.
Como já alguém disse, os jornais estão cheios de ofertas de emprego. Não correspondem às nossas espectativas? Provavelmente não, mas será preferivel viver com ajudas (do Estado ou de outros), ou fazer pela vida?

Eu pela minha parte, sei que se a situação ficar mesmo complicada e n arranjar trabalho naquilo para que estudei, consigo adaptar-me. C@go na merd@ canudo e vou para as obras se for preciso. Mudo a família para uma casa ainda mais pequena, a mais barata que encontrar e vou carregar baldes de cimento e sei que tenho uma mulher que também vai para um restaurante ou um supermercado se for caso disso.

O mal é as pessoas terem uma grande dificuldade em sequer admitirem baixar o nível de vida a que estão habituadas.
Obviamente que cada caso é um caso. Este é o meu, sem entrar em polémicas com ninguém. Daí concordar com o Arad. Não é por ganhar bem que não sinto dificuldades. Aliás, por vezes acho que pessoas que ganham bem menos do que eu ( estando noutra situação é certo, nomeadamente a curtas distâncias do trabalho, marido e mulher a trazer dinheiro para casa, uma renda acessivel e sem filhos por exemplo), fazem vidas, férias e etc, que eu simplesmente n posso fazer. Agora ganho mais do que 1500€ (por hipótese) e lixem-me ainda mais, n me parece correcto.

Enfim, o desabafo já vai longo e parece-me que isto vai dar pano para mangas.

Cumprimentos a todos.
Audi A6 Avant 2.5 TDI quattro '00 - Stage: "Sold..."
Alfa Romeo 156 jtd 16v mjet '03 - Stage: "Pareces um carro a gasolina..."
Golf mk2 GTI 16v '90 - Stage: "Daily..."
GoIII
Amateur
Amateur
Mensagens: 599
Registado: 29 dez 2010, 11:19
Localização: Lisboa

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por GoIII »

Para mim não me doi pagar impostos. Doi-me é pagá-los e não ter compensações porque milhares de parasitas vivem a minha conta! :evil:
soules_s
Pro
Pro
Mensagens: 3260
Registado: 13 jun 2006, 23:33
Localização: Centro

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por soules_s »

Eduardo Prado Coelho

Reflexão lúcida de alguém que já não está entre nós
Imagem

Precisa-se de matéria prima para construir um País

Eduardo Prado Coelho - in Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. O que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que
foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.

O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país.Porque Pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO. Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudoo que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ....e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um país:
- Onde a falta de pontualidade é um hábito;
- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo
nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar
projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser compradas', sem se fazer qualquer exame.
- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
- Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates,
melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
- Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não. Não. Não. Já basta.

Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.

Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós,
ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...

Fico triste.

Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.

E não poderá fazer nada...

Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.

Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?

Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!

É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...

Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.

Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.

Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:

Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, tolerantes com o fracasso.

É a indústria da desculpa e da estupidez.

Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro de que o encontrarei quando me olhar no espelho. Aí está. Não preciso procura-lo noutro lado.

Prado Coelho
GIV
Amateur
Amateur
Mensagens: 344
Registado: 25 out 2006, 11:12

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por GIV »

Soules_s, está tudo dito.

Como já disse a questão é cultural. E não se muda de um dia para o outro. Leva gerações a alterar. Eu por mim tento fazer a minha parte. Tenho um filho e de certeza que não o vou educar para ser assim e espero que ele faça o mesmo com os filhos dele.

O que acham que acontecia em Portugal se, tal como o exemplo da enfermeira Norueguesa que dei antes, fosse possivel uma pessoa despedir-se e ter direito a 4 anos de subsídio a 80 ou 90% do seu último ordenado? Tenho a impressão que a grande maioria do país ia tentar viver à custa do estado (não é que não tentem hoje em dia) . Despedia-se tudo.

Espero um dia que não me aconteça como o Prado Coelho. Espero um dia procurar responsáveis e conseguir ver-me ao espelho sem os encontrar.
Audi A6 Avant 2.5 TDI quattro '00 - Stage: "Sold..."
Alfa Romeo 156 jtd 16v mjet '03 - Stage: "Pareces um carro a gasolina..."
Golf mk2 GTI 16v '90 - Stage: "Daily..."
Arad
Pro
Pro
Mensagens: 2630
Registado: 27 ago 2005, 01:10
Veículos: I3 94ah REx | Typ 1/11
Localização: Algures pelo mundo

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por Arad »

É uma boa verdade, é mais fácil colocar os cumpridores a pagar, do que procurar os incumpridores para os colocar a contribuir com o que devem.
:arrow: 63' Typ 1/11 limousine de luxe
:arrow: Ex 10' G6 TDi Bluemotion 99g
:arrow: Ex 04' G4 TDi van Pacific
:arrow: Ex 98' G3 TDi van Joker
cunhami
Pro
Pro
Mensagens: 1881
Registado: 29 mar 2007, 22:13
Veículos: Golf I cabrio
Localização: Lisboa

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por cunhami »

Tenho ideia que já tinha lido esse texto na net ou num mail.
É a pura das verdades... Isso faz-me lembrar uma situação caricata e triste no centro de emprego de Alcântara:
Um jovem na casa dos 30's e poucos, com um clio dos novos, a exigir que não fosse cortado o seu subsídio de desemprego, apesar de ter recusado uns empregos propostos pelo dito centro de emprego. Resultado:
O segurança agredido, as responsáveis agredidas e após esta situação, passou a haver gratificado, com polícia desde que o centro abre até ao fechar, devido às represálias...
É o país que temos!
Não gosto de injustiça.
Sou imparcial e não estou pelos amiguinhos.
http://www.youtube.com/watch?v=DnDdUdpvxxQ
GoIII
Amateur
Amateur
Mensagens: 599
Registado: 29 dez 2010, 11:19
Localização: Lisboa

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por GoIII »

Estou triste porque depois de ler estes ultimos comentarios e o pensamento de Prado Coelho lembrei-me que passei os ultimos 20 anos a explicar aos meus amigos que os nossos pensamentos estavam errados em pequenas coisas e que a nivel de educação podiamos mudar e muito!
Um simples papel de pastilha bem enroladinho mal se vê mas se o atirares para o chão é uma ofensa para quem vai a passar, em qualquer país europeu.
Isto é apenas um exemplo "pequeno" das nossas diferenças...
Eu usava o exemplo prático da França e Suíça porque era o que conhecia mas em resposta ouvi muitas vezes:
- Se gostas tanto volta para lá!
Agora eu respondo a essas vozes dizendo que adoro o meu país - Portugal.
Sempre tentei fazer parte da diferença e enviava para "lá" todas as mentes brilhantes que não querem admitir que "lá" é bem melhor do que "aqui" e por culpa nossa! :|
A mudança começa em nós e nas pequenas coisas :!:
E não é nas próximas gerações. É já!
Porque sem exemplos práticos não conseguimos ensinar ninguém!
VW Liebhaber
Pro
Pro
Mensagens: 3107
Registado: 16 abr 2005, 12:11
Veículos: Golf MK4 1.8 TURBO 20V - 1998
Localização: Cambridge

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por VW Liebhaber »

GoIII Escreveu: Eu usava o exemplo prático da França e Suíça porque era o que conhecia mas em resposta ouvi muitas vezes:
- Se gostas tanto volta para lá!
Mais um aqui a ouvir :mrgreen:
dariocordeiro
Rookie
Rookie
Mensagens: 81
Registado: 16 dez 2009, 08:40
Localização: Bruxelas - Leiria

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por dariocordeiro »

Espero ainda ser vivo quando se criarem os Estados unidos da Europa...
GoIII
Amateur
Amateur
Mensagens: 599
Registado: 29 dez 2010, 11:19
Localização: Lisboa

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por GoIII »

E qual seria a vantagem!?
VW Liebhaber
Pro
Pro
Mensagens: 3107
Registado: 16 abr 2005, 12:11
Veículos: Golf MK4 1.8 TURBO 20V - 1998
Localização: Cambridge

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por VW Liebhaber »

GoIII Escreveu:E qual seria a vantagem!?
Nenhuma, como já se tem vindo a verificar...apenas para os grandes é há existiram vantagens. Estão a fazer os mais pobres pagarem o que gastaram, e a levar depois juros altíssimos sobre o dinheiro que emprestam. Os mais pobres nunca se tinham visto com tanto guito para gastar, foi sempre abrir....até gastar o que tinha e depois o que já não tinha. Mas acreditem que ainda existirão os estados unidos do mundo..... onde existirá unidade mundial (a todos os níveis) mas onde UM terá o domínio sobre todos. Parece filme de cinema, mas após várias tentativas falhadas ao longo da História de dominar o mundo, hoje temos meios sofisticados para isso, como nunca houve.
soules_s
Pro
Pro
Mensagens: 3260
Registado: 13 jun 2006, 23:33
Localização: Centro

Re: O tópico da Crise...

Mensagem por soules_s »

soules_s Escreveu:Crise ou especulação? Mercados a encher os bolsos a custa dessa "especulação"?
Então e agora que temos os americanos a dizer que a culpa disto é das agências de rating? Em que se baseiam as agências de rating? Não é em futuros especulativos? Pressões de bancos credores? Então é ou não é uma crise especulativa? Foi ou nao foi lançada por agências que diminuem a classificação dos países que agora se vem dizer que não têm crédito nenhum?

O efeito bola de neve vem a seguir a isto, mas até começar, pura especulação!
Responder